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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

POEMAS AFRICANOS E AFRO BRASILEIROS

SOU ÁFRICA

Quem vende sua alma barato é rato
É fato o que tenho dito
Sou preto, e repito
Não me dou ao inimigo
E o rato paga o pato
Ao se vender para o inimigo
Não paga como indivíduo
Mas sim como coletivo
Com sua alma de preto. Paga
Com o seu povo no gueto. Paga
Nas senzalas, nas correntes. Paga
Outrora escravizaram nosso corpo
E a liberdade estava na mente
Hoje escravizam nossa mente
Quando o corpo é independente
Isso na cabeça de meus irmãos, não aceito
Portanto... é por pouco tempo
Com minha lança furo seu sapato
E venho na multidão
Cobrando 500 anos de escravidão
Não sou rato; sou mais um em um milhão
Sou Zumbi, sou Luiz Gama,
sou Malcon X,sou Marcos Garvey
Sou homem preto, mulher preta,
sou jovem, sou criança...
Sou África.

Rogério, Thomas, Gnomo, Junior são de São Paulo/SP
Poema escrito no lançamento do livro Cadernos Negros 23


LOUCOS

Lutar quando é fácil ceder
Ganhar quando é fácil perder...
Esta é a imagem que os afrodescendentes
fazem diante do espelho
A certeza de que, quieto será aceito,
lutando será esquecido...
Zumbi, Malcon X, Ghandi, Martin Luther King, Marcus Garvey
e outros...
Nomes esquecidos por muitos
Lembrados por poucos
Pelos assim chamados revoltados, ou... loucos
Talvez, realmente seja loucura
tentar libertar um povo
que insiste em continuar preso a uma cultura inútil
e sem raiz, imposta pelo dominador
Mas talvez ainda haja tempo de despertar
a nossa cultura e dignidade africana
Nas crianças e juventude afrodescendentes em geral
Devemos ir em frente com o passado na mente
Não o passado de nossos pais
Pois a acomodação deles construiu o nosso presente
Refiro-me ao passado dos nomes aqui citados
Que só nos livros são encontrados,
na boca de um afrodescendente, nunca!
Essa nossa "louca" luta
pode até parecer coisa de jovem
Mas é apenas orgulho de nossas origens
E a aceitação de que todos os seres humanos
merecem direitos iguais
Cabe a nós mudarmos esse presente
para os afrodescendentes que estão por vir
Ao contrário, da mesma forma que cobramos nossos antepassados
Seremos também cobrados.

Rogério e Wal Poetisa são de São Paulo/SP


SOU NEGRO 

 Solano Trindade 
A Dione Silva 

Sou Negro 
meus avós foram queimados 
pelo sol da África 
minh`alma recebeu o batismo dos tambores atabaques, gonguês e agogôs 
Contaram-me que meus avós 
vieram de Loanda 
como mercadoria de baixo preço plantaram cana pro senhor do engenho novo 
e fundaram o primeiro Maracatu. 
Depois meu avô brigou como um danado nas terras de Zumbi 
Era valente como quê 
Na capoeira ou na faca 
escreveu não leu 
o pau comeu 
Não foi um pai João 
humilde e manso 
Mesmo vovó não foi de brincadeira 
Na guerra dos Malês 
ela se destacou 
Na minh´alma ficou 
o samba 
o batuque 
o bamboleio 

e o desejo de libertação... 


Sou Negro porque encaro minhas origens

Negro
Não precisa ter cor, nem raça, nem etnia.
É preciso amar
É preciso respeitar
Não sou negro porque minha pele é negra
Não sou negro porque tenho cabelo embolado de “pixain”
Não sou negro porque danço a capoeira
Não sou negro porque vivo África
Não sou negro porque canto reggae.
No sou negro porque tenho o candomblé como minha religião
Não sou negro porque tenho Zumbi como um dos mártires da nossa raça.
Não sou negro porque grito por liberdade
Não sou negro porque declamo Navio Negreiro
Não sou negro porque gosto das músicas de Edson Gomes,
Margareth Menezes ou Cidade Negra.
Não sou negro porque venho do gueto.
Não sou negro porque defendo as ideias e Nelson Mandela
Não sou negro porque conheço os rituais afro.
Sou negro porque sou filho da natureza
Tenho o direito de ser livre.
Sou negro porque sei encarar e reconhecer as minhas origens.
Sou negro porque sou cidadão.
Porque sou gente.
Sou negro porque sou lágrimas
Sou negro porque sou água e pedra.
Sou negro porque amo e sou amado
Sou negro porque sou palco, mas também sou plateia.
Sou negro porque meu coração se aperta
Desperta,
Deseja,
Peleja por liberdade.
Sou negro na igualdade do ser
Para o bem à nossa nação.
Porque acredito no valor de ser livre
Porque acredito na força do meu sangue numa canção que jamais será calada.
Sou negro porque a minha energia vem do meu coração.
E a minha alma jamais se entrega não.
Sou negro porque a noite sempre virá antecedendo o alvorecer de um novo dia.
Acreditando num povo afro-descendente que ACORDA, LEVANTA E LUTA.
Genivaldo Pereira dos SantosFloresta Azul - BA.

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